Nei Duclós
Lugar de trabalho são moradas eternas
Você volta para a mesma redação
Sempre que te identificam imóvel no tempo
Esse tirano que te engessa na moldura dos contemporâneos
Você já deixou a profissão
Que acabou e foi substituída pela correção automática
Mas o chefe de reportagem continua lá
Te obrigando a fazer aeroporto depois de uma tarde suada
Você não tem mais pique para tomar todas depois do fechamento
E assim conseguir parar de tremer
Chove na saída em altas horas
O último ônibus partiu
Você mora na rua alagada
No intervalo entre o expediente
E a madrugada no bar das putas
Onde todos se reunem
Desatentos ao extermínio dos dias
E à persistencia desse amor pelo que fizemos
E que nos condenou para sempre
Corte cinco linhas
Depois pode ir embora
Dizem quando já é tarde demais
Voltamos encharcados pelo que somos
Palavras impressas em corações de ouro
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