18 de fevereiro de 2018

SERENO DE ZINCO



Nei Duclós

Converso comigo porque não tenho abrigo
Moro na rua, sereno de zinco
Falo sozinho sem testemunhas
A noite escreve na tela invisivel
O que digo sem pé nem letra

Vivo por estar decidido
Almoço o que sobra, palavras de ouvido
Depois espero a lua
Que me expulsa

Sou raio perdido na cidade imensa
Sirenes, neblina
Caminho com meus sapatos vencidos
Que ringem ocultando o assobio

O orvalho faz o serviço
Durmo no meio da avenida
Os carros confundem com um mendigo
Mas eu surpreendo levantando voo


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