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19 de janeiro de 2011
PALAVRA PERDIDA
Nei Duclós
Quando dorme o dorso da Terra
encontre a fera, palavra síntese
a medrar no escuro. Ela te acorda
na manhã seguinte
A madrugada é boa para poesia
O poder dorme, o desamor cochila.
E tuas asas, em desuso, circulam
Como a carga de um casulo
A infância, resto de memória
Imaginada depois de ter sumido
Reaparece de amor em punho
único brinquedo ainda explícito
O que fazer com a insônia,
vôo que morre ao sol a pino?
Não importa. O que vale é o salto
no abismo, onde vive a criatura:
A Lua cheia, coberta de nuvens
fugindo em maquiagem espessa
até ficar apenas uma trilha
no veludo sem estrelas
More no poema insepulto
Componha a sinfonia
Nenhum verso faz sentido
Sem alguém que o habite
RETORNO - Imagem desta edição: "Estava com o coração na mão", obra de Ricky Bols.
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