18 de setembro de 2012

CONTINENTE


Nei Duclós


Não sou teu querer, terreno avulso
folhas de outono se soltam sujas
o verbo é mordomo de antigo castelo
devemos amor no registro estéril

Perdemos a tarde, leilão de confisco
sopramos areia no rumo da guerra
saímos da terra para o gesto arisco
abrimos janelas para ruas de feltro

Pouso no mar da falta de abraço
colo vazio de uma estrela veneno
tuas rendas voam sem endereço

Aprendi a perder depois que partiste
mas insisto em viver o eterno romance
durmo contigo em qualquer continente


RETORNO -  Imagem desta edição: Ingrid Bergman.