Nei Duclós
Passo por cima do teu medo e te
conduzo numa valsa que rodo na tua cintura.
Fazes qualquer coisa para me trazer
de volta. Dá até gritinhos, tonta.
Melhor falar por telegramas.
Bilhetes em garrafas jogadas ao mar. Pombos correio. Código Morse. Em todos os
sinais, dizemos a mesma coisa. Amor.
Não permites mais que eu chegue
perto. Sabes que estou lobo quando farejo tua pele.
Volta, coração vermelho. Eu me
recomponho. Desisti também desse terremoto.
Imaginei a felicidade, mas veio o
abandono. Recomeço a palmilhar o deserto
Lua partida ao meio: iluminas uma
porção do céu que vem em meu socorro.
Perdi de novo a minha estrela. Que
adianta o céu bordado de luzes?
O céu abriu só meia porta. Ficou
espiando depois que a Crescente deixou de ser Lua nova.
LIVRE DO AMOR
Tentei, em vão, te amar. Conseguiste
impedir a queda irresistível da água da montanha.
Livre do amor, olhas o crepúsculo e
ele está vazio
Voe, pássara, na noite sem sentido.
Encontrei um diamante, mas ele pertence ao teu convívio
Afaste-se da maldição, doçura. Hoje
convivo apenas com as sombras que me transformam. A não ser que você me beije e
liberte o sonho travado de esperança.
Já estava demorando. O Mal de
Scorpio se anuncia nas fendas de setembro.
Lua partida ao meio: iluminas uma
porção do céu que vem em meu socorro.
Sou Crescente, Meia Lua: meu lado
escuro morre ao lado do teu brilho.
Sábado de tocaia chega de surpresa.
Pergunta pela balada mas estás em recesso. Aquele amor, ainda ausente.
Preciso a palavra inteira para
compor o poema. Não posso cortar ao meio uma peça do atacado. Amor não se
sustenta na escassez do varejo.
E resolveste, bem resolvida, passear
no campo. Na volta verás que estou na trincheira com todas as setas.
Virei você do avesso e agora finges
ressaca. Para onde foi aquela sede?
Chove em setembro na ilha. Há um sino
mudo batendo na memória. Onde fica o exercicio de achar um sentido?
BATOM DA LEITURA
Viciei na escuta. Aproximei demais o
ouvido. Rocei no batom da tua leitura.
Hoje não tem poesia. Desconfigurou a
fonte. A não ser que me digas: onde fica o lugar inacessível do teu sonho?
Madrugada é o mar onde navegamos o
sonho. Peixes palavras sobem à superfície. Ventos de sono se aproximam.
Digo o que sentes. Escutas o que
sinto.
Passou da hora. Onde está o realejo
que tocas ao comando de um bilhete da sorte que tiras do teu peito?
Vamos dar um tempo. Depois, pegamos
de volta.
Não se acanhe, é só poesia. Depois
voltas para teu expediente de espinhos.
Não tente me conquistar. Sou
insensível. Afio palavras doces no meu coração de pedra, onde medra a flor
irresistível da tua amorosa teimosia.
Somos a memória presente.
Visite-nos, aspirante.
Sentimento é perda de tempo. Como é
mesmo aquele troço da zona do euro?
Não se preocupe, não estou sofrendo.
Estou off line, entenda.
RETORNO – Imagem desta edição: Megan
Fox.