Nei Duclós
O tempo se esfarela em nossas mãos. Vamos manter o prumo.
Voa, nau errante, em direção ao mistério.
Amor não pode ficar na reserva. Deve entrar em campo para
decidir a parada. Em poucos segundos: a distância do teu olhar, pássara.
A palavra não se entrega. Precisa de uma carga de sedução
para mostrar-se plena. É quando verte o poema, néctar da criatura.
Tuzinha. Cliquei cem vezes em teu ninho.
Fogo de palha. Te consomes em mim,
depois voltas ao teu aquário. Água insolúvel de sortilégios.
Não quero mais te querer. Quero
voltar ao normal, morar nas grutas de sal.
Sempre a mesma coisa. Te guardas
como jóia e eu fico na bandeira morrendo de saudade.
Foste embora. Sou o pampa onde meu coração se perdeu.
Perdi o dia contigo muda. Aguardo a noite que talvez te
inspire. Volta a me dizer que é impossível. É o que tenho de ti, inabitável.
Contratempos me tiram do sério. O poema se perde em lados
ocultos. Volto a ser o que me nega. Saia da frente, anel de chumbo. Assome,
primavera.
Me enredas até o infinito. Custo a me desvencilhar: um
século.
Os meses misturam as estações. Por que eu não deveria?
Estavas escondida. Mas te encontrei.
O amor te localiza.
Experimento a sensação de não ser
mais teu. Espero que seja recíproco. A não ser que uma estrela beije a Lua.
Perdi a memória do que te disse.
Joguei-a num mar que não devolve.
Agora só falta perder o vicio de
estar contigo. O resto já foi feito: conseguimos romper o laço de um amor
remoto.
RETORNO - Imagem desta edição: Romy
Schneider.