Essas casas antigas que envelhecem conosco
E que não podem ser vendidas
Porque somos parte delas como um osso
Esses quintais sem cuidados
pois já não somos moços
E custamos a abrir a porta cheia de ferrolhos
Não saímos aos domingos porque não há mais calendário
E os dias se sucedem sem visitantes ou sonhos
Sentados esperamos o café ficar pronto
E nos gritam da rua que algo está queimando
É apenas a memória, respondo para a lua
Que nos olha vermelha cobrindo o horizonte
E o tempo vem conversar cansado na varanda
Pergunta se vai chover pois ele também está velho
E dizemos talvez passe alguma nuvem
E nos leve para sempre como se fôssemos crianças
A viver de novo, só que em outro corpo
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