27 de março de 2014

DAQUI NÃO VEJO MAR



Nei Duclós

Daqui não vejo o mar, mas poderia
se janelas abrissem para o infinito
como o coração em reduto íntimo
e um pé de flores a pender do teto

Cheguei perto do amor, véu invisível
tateei no escuro, não estava pronto
sumiste como seda a deslizar no açude
enquanto vi meu rosto na água impura

Te trouxe pela mão, cego de espírito
a iluminar-me com a presença do gemido
que emites de uma gruta, sólido brilho

Aguardo o sol chegar ao máximo do dia
para ver-te, criatura do sonhar marítimo
daqui posso sentir e isso é toda a vida