Nei Duclós
Manhãs de incêndio, quando te
arrependes. Sinal que é forte o vento.
O corpo que tens é o que eu desejo,
formatado pelo sonhar do beijo.
Imaginar, para viver. Sem ruído nem
feridas. Imaginar, para o suave voo da manhã.
É bonito quando me queres. Qualquer
toque gera a maravilha.
Imagino teu rosto que respira perto.
A noite é confidente.
Teu perfil não importa e sim o gesto
que aperta.
Estás em mim e eu em ti, mesmo sem
motivo. O ser acha um pouso no universo em conflito
Estás de passagem, mas não teu sentimento,
que deitou raízes.
O sonho cerca o sono para achar uma
porta. Por ela entras, fantasia.
Resolvi escrever cada passo feito. O
papel ficou cheio de garranchos. A vida não capricha na caligrafia, a não ser
que a poesia venha em socorro.
Joguei na noite alguns diamantes.
Depois recolhi no céu de veludo e fiz um embrulho para presente.
A Crescente aderna de luz para algo
fora do horizonte. Carrega nas costas a sombra do seu segredo.
Tenho só metade de Lua. Serve?
Me deixaste só, com a poesia. Pode
ficar com os versos, disse ela. Já sei de cór.
És íntima comigo diante de todos. Na
hora que te levo para um canto me tratas formalmente. Me confundes, de
propósito.
Gosto quando é só você na foto. Há
lugar para mim, fora de foco.
RETORNO – Imagem desta edição: Kirsten
Dunst.