14 de janeiro de 2013

CONVÉS VAZIO



Nei Duclós

Aporte o mar em minha mão, cais
em obras após a solidão, encaixe
molhado em geométrica precisão
atraque no chão do convés vazio

Teu seio faz concha oposta ao frio
espiral do corpo torce o cobertor
corais da carícia na futura cicatriz
enrosco da pele na rota da sol

A quilha do espanto chega devagar
ringe a relação do grude mortal
sirenes no horizonte fazem sinais

combinamos no mesmo redemoinho
que nos suga, inertes, para o sonho
por isso canto, arrebatado espírito


RETORNO - Imagem desta edição: Eva Mendes.