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4 de março de 2012
NETINHO E O COMUNISMO
Nei Duclós
Netinho é comunista assim como nossos avós eram bicicletas.
Mais valia e Hegel de ponta cabeça são conceitos caros a Netinho, que sabe tudo sobre agitprop, quarta internacional e Encouraçado Potemkim.
Luta de classes, para Netinho, é quando o pessoal do quarto ano pega o do quinto na saída.
O conceito gramsciano de intelectual orgânico faz de Netinho um observador arguto das tendências da militância nas universidades.
Netinho guardou O Livro Vermelho do Presidente Mao para ver as figuras mais tarde.
Para Netinho, Lênin e Stalin eram uma dupla de artistas que tomaram o poder no putsch da cervejaria.
A experiência histórica do PCI e das Brigadas Vermelhas colocam Netinho num paradoxo ideológico de solução complicada.
Netinho está indo rumo à Estação Itaquera, onde assumirá a liderança das massas a partir das justas contradições no seio do povo.
Netinho vai atualizar os signos comunistas substituindo a foice e o martelo pela chibata e o tabefe.
Netinho vai pedir aos militares devolução do jargão comunista Não Passarão,pois abre precedente para levarem também aquele da ternura jamais
Netinho leu o Manifesto Comunista numa viagem de trem, mas não entendeu porque empacou na palavra grilhões, que lembra grilos gigantes
Netinho consome dialética no café da manhã.
O modo de produção midiático é uma das especialidades conceituais de Netinho.
Netinho acha que a Internacional é o hino do Colorado.
Serra é o Kerenski de Netinho.
Para Netinho, Rosa de Luxemburgo é quando o Grêmio recebe seu novo técnico com muito carinho.
Bolchevismo lembra jogo de bocha para Netinho.
RETORNO - Imagem desta edição: Tom Courtney como Strelnikov, em Dr. Jivago, de David Lean.
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