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Nei Duclós
Não é falta de vento.
Há tempos sopro para que venhas.
Acordas comigo na ponta
corro contigo ao relento
Mas não levantas voo
desatenta
Não é falta de beijo.
Acumulei uma fortuna nos lábios.
Investi em teus olhos, apertos
puxei teu papel de seda
Mas estavas vazada
de medos
Não é falta de aceno.
Em todos os cais tremulei o lenço
Misturei mensagens em bandeiras
cada cor era um poema
Mas olhavas para outro lado
poente
Não é falta de tempo.
Amor é a eternidade do encontro.
Moro em ti, minha verbena
flor que carrego no peito
Mas tardas, como o correio
com notícias do front
Não é falta de esforço.
Usei todos os recursos da língua portuguesa.
Lecionei em desertos
compus bizarras bibliotecas
Mas desaprendeste, por gosto
serena
RETORNO – Imagem desta edição: Ann Sheridan.
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