Nei Duclós
Estávamos treinando, sem saber
Para este exercício coletivo de solidão
Ao cultivar por anos o abraço a distância
O beijo sem sabor de lábio
O namoro virtual, a amizade falsa
Na superfície remávamos por opção
as relações mais tempestuosas, os conflitos, os bloqueios
Tínhamos softwares como intermediários
Que evitavam o aborrecimento de sermos humanos
Hoje isso é obrigatório
Não podemos mais nos conhecer ao vivo
Nem nos tocar nem ver o que apenas imaginávamos
Fomos punidos
Perdemos a chance de romper a ilusão
Estamos nas janelas acenando
Nas varandas cantando
Com máscaras que somadas são um só rosto
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