Fiquei feliz dentro do poema
Mas fora dele permaneço fera
Será possível manter humana a pena
E ao vivo cometer um sacrilégio?
Quem me vê de frente acha que sou outro
Tenho a marca do mal dos simbolistas
E mesmo sonhando com arcadismo
Acordo em pesadelo no parnaso
Sou feito de verbo, que é minha natureza
Não adianta confundir verso com carne
Fujo de mim na ilusão da verve
Aguardas que passe a quarentena
Que sofro no clima do deserto
E me recebes rindo, beduína sem caráter
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