20 de setembro de 2018

ESTÁTUA

Nei Duclós


Terra para mim é água
Riacho onde o pampa acaba
E o mato inaugura a obra:
Barco e tralha de pesca

Acampados no barranco
A linhada bem na boca
A rede onde faz a curva
O surubi ressabiado

O rio que banha a cidade
O barro cobrindo as pedras
O assobio da piava
Dourado passando ao largo

Nunca estive a cavalo
Nem fui à carga de lança
Os causos quando criança
Falavam de outra fauna

Faca só para as escamas
Tiros se houvesse festa
Mas às vezes as perdizes
Chamavam de campo aberto

Carregando a espingarda
Chumbo grosso para a janta
O cachorro viu primeiro
Virou estátua na hora

Desisti e virei ponte
Onde tudo recomeça.



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