22 de setembro de 2018

DESCENSO

Nei Duclós


É como se o corpo pedisse arreglo
Provando que não tenho mais conserto
A perna que há anos se atormenta
Com a pele em fogo de bruta bactéria
A visão cada vez mais sem resistência
O coração fora do ritmo e a cabeca
A tontear conforme avança o inverno

As engrenagens ringem nos tropeços
Os dentes que se foram sem ser substituídos
E o ouvido a se ressentir com os silêncios

Qual é a moral da história?
Recuperar os movimentos
dançando um tango após o diagnóstico?

Que seja. Dance comigo E não tema.
Contigo é a unica maneira
De eu viver sem ter um troço



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