13 de dezembro de 2012

ESTRELA DE DIA



Nei Duclós

Acompanhe-se da beleza. Atrai até estrela de dia.

Vou sumir de novo para ver se tua pele se arrepia assim quando reapareço.

É mínima a tessitura que circunda a renda fina. Cabe na mão fechada de um neutrino e tem aquelas funduras zipadas em seda pura.

Fui dar uma volta. Teu coração se partiu fazendo barulho de lata. Exagerada.

Confessou enfim que sentiu falta. Ato falho sem remendo. Não pode mais fingir indiferença.

A multidão no evento parou quando assomaste de vestido vermelho, combinando com tua aparência. Vieste até mim em câmara lenta e todos foram caindo pelo único motivo da tua beleza. Até que me deste um beijo e só então foi permitido que continuassem vivendo.

Me tens na mão, pássara sem pouso.

Gostar de ti é sempre claridade. E um sol guardado para os tempos difíceis.

Ao gostar de ti, melhoro.

Mudaste completamente o rosto. Reconheci apenas uns rastros do antigo amor. O resto é novidade, criminosa.

Te despedes por hábito, sonhando marés que nos afastam. Depois voltamos, como as ondas.

Estás a seis mil quilômetros de distância. Me traga um sorvete. Com tua frieza, chegará aqui intacto.

Quem te mente com gentilezas te fará sofrer com mesuras. Por isso preferes os ursos, mais sinceros, capazes de destroçar uma colmeia para alimentar tua doçura.

Nossa loja tem de tudo. Até janela para a noite sem Lua se tiveres algo a esconder em tuas nuvens.

Bruto como pisar na neve sem resistência, quando mergulho em tuas águas profundas.

Tens curvas e esse é meu motivo. As linhas retas me expulsam.

No auge, te pergunto se gostas. Dizes sim com os olhos porque o resto há tempos ficou mudo.


RETORNO - Imagem desta edição: Eva Mendes.