25 de dezembro de 2012

ÂMBAR



Nei Duclós

Iluminas a noite sem fazer alarde. Como vagalume que imita estrela. Como brilho de âmbar no mármore escuro.

Meu sentimento está oco. Falta teu eco.

O que eu te disser, não leio. Só compreendo quando retornas a mensagem com um beijo.

Queria te falar, mas é proibido. Teu voo sem teto, minha vontade no piso.

Pouse, nem que seja quando imagino.

No fim não acontecerá nada, apenas os corpos que se acham enquanto fazemos cara de quem jamais se cruza.

Não será preciso anunciar o que temos em comum. Nem mesmo nós saberemos ao certo.

Acordo e nada. Onde fica tua atenção enquanto me desperdiço pensando em ti?

Tanto mel que vem de ti que nem dou conta.

Quero você de presente, sem vestir nada a não ser romance. Solta e minha pela graça do sonho.

Pegaste a estrada depois de dar adeus aos quero-queros. O pampa chorou, mas já estavas dormindo.

Ao vivo, notei que tinhas a densidade oculta nas caixas de vidro. Perdeste a tabula rasa do olhar iludido.

É cedo para retomar o rodízio de palavras em teu umbigo. Te deixo respirar, mas só por alguns minutos.

Antes que eu durma imagine o beijo. Estalo de língua na madrugada imensa.



RETORNO - Imagem desta edição: Ursula Andress.