29 de outubro de 2010

HORA DA ONÇA BEBER ÁGUA


São dois lados bem definidos, um à esquerda e outro à direita. A esquerda está muito bem representada pelos apoiadores da candidatura oficial, com grandes serviços prestados à nação: José Sarney, personagem do livro Honoráveis Bandidos, de Palmério Dória; Collor de Mello, defenestrado da presidência da República sob acusações múltiplas de corrupção, mas que hoje é senador; Henrique Meirelles, presidente do Banco Central e autor da façanha de remunerar regiamente os especuladores internacionais à custa do rombo nas contas públicas; Delfim Netto, ex-tzar da economia dos anos de chumbo, que compara Lula a Roosevelt (!).

Do outro lado, só tem direita. Milton Nascimento, por exemplo, que todos conhecem, Edu Lobo, que todos deveriam conhecer, Ferreira Gullar, o poeta maior, Helio Bicudo, fundador do PT, entre outros. Não resta dúvida em quem votar, portanto. Basta enxergar a cartilha ideológica e a argumentação imbatível do pensamento tosco, como Emir Sader, ou o preparo filosófico aparelhado para o governo, como o da ex-filósofa Marilena Chauí. Que fique bem claro que de um lado está uma pessoa sem nenhuma expressão, que traiu seu partido e origem, o PDT, que fez uma gestão catastrófica no governo gaúcho, que não soube nem segurar um empreendimento primário como sua lojinha de importados baratos. E de outro um político que foi eleito senador, prefeito e governador do colégio eleitoral mais expressivo do país, o paulista, soma e síntese de toda a nação, pois para São Paulo acorre a nação em frangalhos.

É hora da onça beber água. Não temer o patrulhamento, ignorar as provocações, lamentar a indiferença e a crueldade de quem agrediu o candidato da oposição e ainda debochou e mentiu. Saber que a candidatura oficial tinha um braço direito na casa Civil que foi pega em flagrante pela imprensa e pela Justiça. Saber que a equipe palaciana é suspeita de crime hediondo, como comprova processos do Ministério Público. Saber que o quadro de funcionários foi inchado em todo o sistema federal e que levaremos décadas para recuperar o grande prejuízo provocado por este governo catastrófico.

De outro, o candidato apoiado pela união nacional em volta de uma esperança comum, o de recuperarmos o que perdemos, ou pelo menos sustar o fluxo do dinheiroduto jogado fora em inúmeras ações perniciosas, que comprometem o futuro da nação.

O PT deixou de ser de esquerda com o mensalão e ao aliar-se a Collor, seu mais notório ex-inimigo, mas a casca se mantém, com uma candidata pré-definida pelo próprio presidente como poste. O grande erro do governo foi apostar todas as suas fichas no primeiro turno. Não contaram com a sensibilidade política de Serra, que escutou os apelos e transcendeu as origens da sua candidatura, assumindo uma postura de presidente de união nacional.

Hoje, cada voto conta. A indecisão pode ser fatal. Não podemos abrir mão da chance de riscar do mapa federal essa súcia palaciana que empalmou o poder e ainda convence com seu discurso ciclotímico, com todas as nuances da psicopatia. Vejo pessoas talentosas se atirando cegamente numa imagem formatada ao longo da vida. Fica difícil mudar a percepção depois de tantos anos de envolvimento com algumas idéias. Mas essa é a natureza da mudança profunda: contrariar o que envolveu nossa mente como se fosse um cânone. Basta abrir os olhos e ver o clamor da nação mobilizado para evitar mais crimes.

Não viaje no feriadão, não jogue fora seu voto, decida-se pela erradicação dos que se dizem de esquerda, mas são apenas fisiológicos.

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