15 de novembro de 2017

NO FIM DO NAUFRÁGIO



Nei Duclós

No fim do naufrágio
Quando chegamos na areia
Depois de todo o sal
Inauguramos a parte mais dura
da sobrevivência

Pedra e fogo, ostra e réptil
E a chuva que não vinha
Aparas de palha para o vento
Improviso de chapéus e redes
Um telhado de restos
Uma cama de penas

E o navio, nossa miragem extrema
A soprar grave o silvo do outro horizonte
Aquele que existe misturado à neblina

Alguns, o desespero
Mas resistimos
Sob o testemunho das estrelas


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