23 de novembro de 2017

PERDAS



Nei Duclós

Sempre me arrependo
do que desconheço
Saber do que se trata cada fissura do tempo
E uma espécie de obrigação jamais cumprida

É a síndrome do isolamento
A necessidade de preencher o campo infinito
que rodeia a cidade
Meu muro sobre a campanha

É como colocar o mar, a cultura e seus fundamentos
num dedal, minha incapacidade de conter o mundo

Vazio de tanto esforço
tento adivinhar o acervo
rabiscando o poema, que é a noção estranha
das perdas
Recupero assim a sintonia com o talento alheio
no convívio da minha fronteira


Nenhum comentário:

Postar um comentário