Nei Duclós (*)
Vinho é território, o sabor
gerado pela História
mas o tempo, em excesso
não comporta o que só a poesia
nos contempla
Fronteira lusitana, lugar
que os povos inauguram
numa sucessão de espadas
e de gestos misturados
tantas raízes e nenhuma pista
do que é dito e fica oculto
Cobrimos o rosto com a neblina
Da memória. A paisagem varrida
pelos que nos formaram
hoje é descampado, o sol a pino
e outros momentos de convívio
traçam o perfil deste resgate
É sóbrio o encontro entre o sonho
e a realidade. Nem aos deuses
permitem usar a chave
Perplexos, os contemporâneos
se dividem diante do mistério
No fundo não é o que bebemos
mas algo anterior, que nos inspira
concentrado no mosto, síntese
de uma herança ainda viva
pré determinada pela técnica
e mais além, a narrativa
Tudo no fim some para sempre
Fica a palavra, pairando no tempo
que é a nossa nação, a língua,
pátria afetiva, beijo e sangue
ninho de um espólio, a terra
portuguesa e seu esplendor
o Alentejo
RETORNO - (*)Dia 18/11/2017 foi o lançamento da antologia DO MOSTO À PALAVRA, da
Editora Chiado, de Lisboa, que reúne poemas selecionados sobre o Alentejo,
escritos especialmente por autores convidados. .Adianto aqui a minha participação, com este poema:
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