20 de outubro de 2013

MUSA DE PANO



Nei Duclós

Todos os dias dizias eu te amo
mas esquecias e acabávamos brigando
poesia é arte de quem abraça o ramo
eu, bruto escultor, e tu musa de pano

Nenhuma flor expressa o sentimento
talvez a pedra que segura o oceano
ondas furiosas são os teus reclames
liquens no grude ancestral da gana

Tens a vontade, mas pensas demasiado
ou imaginas sucessões de enganos
que não cometo, embora teu flagrante

Me encerras mudo no alto da varanda
pescas a Lua, passageira soberana
mostras para ela o servo que é teu dono


RETORNO - Imagem desta edição: obra de Leonardo da Vinci.