Nei Duclós
Enterramos palavras no túmulo do poema
onde ninguém acessa, funerais de letras
orações sopradas entre estandartes negros
almas penadas de sonhos em risco extremo
Batucamos a chuva nas lápides de madeira
lisas sem data de morte ou renascimento
o campo santo fica longe, além dos morros
pedras de caminho íngreme, luar sem dono
Como não levam flores elas nascem a esmo
alimentam-se do perfume que gera a pétala
vergam-se de saudade ou desconhecimento
A flor é a identidade do poeta anônimo
o que tudo entregou sem pedir arreglo
coração determinado, vozes do oceano