Nei Duclós
Inverno não imagina a pétala
que seca fechada sob a
neve
guardada no sótão por ciúme
gela o segredo, seu perfume
Dele não depende a primavera
para se anunciar, não há sinais
de flor no império da friagem
É mutação bizarra, sem alarde
Oculta, risca no tijolo do muro
medra imóvel trepadeira ocre
campana de fêmea, sol covarde
Água escorre na madeira podre
e abelhas se agitam em plátanos
oferta do amor que chega tarde