Nei Duclós
Des-rima, ar-ritmo, sem-tido.
Palavra quebra no piso,
quem há de entender sua sina?
Ordená-la é um vício,
café que muito preciso.
Rola à toa o compromisso
Deixo para quem não cala
o vórtice deste ofício.
Decido que desafino
só quando pede o destino.
De resto faço de conta
que o cosmo é minha conquista.
Planto a flor que não vinga,
colho o sopro divino.
Queres amor, então diga.
Quem cala perde o motivo.
O sol não cansa da faina
nem a semente do trigo.
Tenho um revólver sem bala,
uma faca sem serviço.
Criei a paz da mandala,
mando um foguete perdido.
Trans-por a trova de rua
no coração em conflito.
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Sila Lima.