Nei Duclós
Toda poesia que tenho
quando estamos vivos
e portanto eternos
vaza em forma de perda
água no porão de gesso
Todo aceno é segredo
batom borrado no lenço
pista que o amor libera
no convés cheio de cera
terra no bolso esquerdo
Todo calor vem do gelo
quando contigo derreto
venha, me dizes trêmula
me solte antes que chova
fogo que dá bandeira
Toda solidão é extrema
o coração não se entrega
molhas o mesmo alimento
que dividimos no resto
ar que respiro é momento
RETORNO - Imagem desta edição: Greta Garbo.