Nei Duclós
Vista de perto, aumenta a vontade. De longe, me resgatas a
essência.
Não sei se devo dizer algo mais fundo. Se não basta o
estrago feito na superfície. Dê um sinal, código de delícias.
Me abandonas toda vez que me estocas. Bandida suprema.
Que pena Cortaste a conversa ao meio. Não importa. Continuo
no poema.
Venha até onde fica o sonho, tímido alvorecer de meu reino.
Compartilhamos teu arrepio feito de gotas suspensas de
perfume.
Nos recolhemos para um ninho remoto. Lá onde as aves do
nosso amor treinam voos mais íntimos.
Não disse tudo. Guardei um pouco para o futuro. Palavras que
recordam o amor à primeira vista.
Não te basta a flor como presente, queres o braço, fogo
ardente.
Você é um post que não posso corrigir. Na borda teço
comentários sobre a encrenca.
Preciso me afastar de novo para
reencontrar teus vínculos.
Nos misturamos, sem nos encontrar. Somos como a água e o
vinho de uma sede indecisa.
Te decidiste por alguém mais próximo. Pode não ser amor, mas
preguiça.
Embrulhei-me para presente. Abriste com indiferença. Mas eu
guardava um susto na hora do beijo.
Verso como paisagem de estrada, não
fui visto pelos comboios reluzentes do Nada.
Perdi forças nesse estiramento de
cordas. Deixei-me levar para o fundo anônimo do vale. No alto, na superfície, a
celebração do Mesmo seguiu em frente.
RETORNO - Imagem desta edição: Rita Hayworth.