3 de julho de 2013

PERTO, LONGE



Nei Duclós

Vista de perto, aumenta a vontade. De longe, me resgatas a essência.

Não sei se devo dizer algo mais fundo. Se não basta o estrago feito na superfície. Dê um sinal, código de delícias.

Me abandonas toda vez que me estocas. Bandida suprema.

Que pena Cortaste a conversa ao meio. Não importa. Continuo no poema.

Venha até onde fica o sonho, tímido alvorecer de meu reino.

Compartilhamos teu arrepio feito de gotas suspensas de perfume.

Nos recolhemos para um ninho remoto. Lá onde as aves do nosso amor treinam voos mais íntimos.
Não disse tudo. Guardei um pouco para o futuro. Palavras que recordam o amor à primeira vista.

Não te basta a flor como presente, queres o braço, fogo ardente.

Você é um post que não posso corrigir. Na borda teço comentários sobre a encrenca.

Preciso me afastar de novo para reencontrar teus vínculos.

Nos misturamos, sem nos encontrar. Somos como a água e o vinho de uma sede indecisa.

Te decidiste por alguém mais próximo. Pode não ser amor, mas preguiça.


Embrulhei-me para presente. Abriste com indiferença. Mas eu guardava um susto na hora do beijo.

Verso como paisagem de estrada, não fui visto pelos comboios reluzentes do Nada.

Perdi forças nesse estiramento de cordas. Deixei-me levar para o fundo anônimo do vale. No alto, na superfície, a celebração do Mesmo seguiu em frente.


RETORNO - Imagem desta edição: Rita Hayworth.