8 de julho de 2012

PRÓXIMO



Nei Duclós

O próximo de que falam para ser amado sou eu. Não permito que furem a fila.

Tão bonita que espalha coisas quando se mostra. Gosto do vento que fazes com tua graça.

O fim dessa estrada somos nós frente a frente. É quando a coisa pega. Sentiremos saudade do começo.

Te digitei errado e não consegui passar a limpo. Sorte que tenho contigo meu corretor automático.

Mal nasce o dia e está tudo bordado com tua imagem. Bem assim que é bom.

Tenho vocação de pedra. Mas me inventas vidro.

Me civilizas com tuas transparências. É quando pouso em teu sussurro.

Falo por ti. Sou teu arauto Coloco a boca no ciclone. O poema é um tornado onde gira teu som profundo.

Nossa origem não nos identifica e sim nosso destino.

Poesia, bastante. E nenhum remorso pelo romance. Há mais flor no deserto depois que nos amamos.

O amor ensina a escrever, mas não aprendo. Preciso sempre de uma nova lição no teu caderno.


CORAÇÃO VERMELHO

Coração que sangra por amor é confundido com batom. Tudo está escrito em ti, boca vermelha.

Ao acordar de ressaca lembre-se do que disse ontem à noite. Se negar eu publico. Se admitir eu te beijo.

Penso em ti o tempo todo, coração vermelho. Se eu pudesse te tocar, como na imaginação nos tocamos.

Vamos nos arrepender, coração vermelho. Melhor apagar a briga do que a viagem deste sonho.

Volta da balada direto para a cama, que se situa a mil anos luz da minha. Mas estou de olho, festeira.

Ao chegar, não esqueça do meu beijo. Ele está na mesa, ao lado de um poema.

Não fale mal das musas. Agora és uma.

Te fiz uma desfeita. Queria testar tua resistência. Desmanchei por um momento, mas refizeste a muralha com teu talento arquitetônico.

Não me excluis pois não faço mais parte do jogo. Use esse expediente maroto com quem é bobo. Sou urso polar ártico.

Vai falar de mim com simpatia, vai. Como se eu fosse um bibelô em tua estante. Sou o fantasma que derruba teus livros no meio da noite.

Não quero tua homenagem, quero teu seio.

Nem olho teu espaço. Oculto tudo. Não é ciúme, é guerra.

Te amo, estranha.

Se desistisses do não em favor de um sim, talvez houvesse em teu canteiro a certeza do flor. Mas como fazer isso sem cair no choro?


RETORNO - Imagem desta edição: Marylin Monroe.