Nei Duclós
Moldas o barro. Teu corpo é o instrumento
Os pés são o motor, produzem movimento
da massa que manobras, de olho salivante
imaginando o resultado cada vez mais forte
Penso em outra coisa enquanto manipulas
e tua atenção se enreda nos suspiros
Navego a paisagem, nua mas vibrante
um quarto qualquer, fuga do batente
Fazes acontecer enquanto tiro a trava
e vou acontecendo graças ao trejeito
sabes como ninguém reanimar desejos
Quando enfim acabas, o jarro fica pronto
mas queres repetir o que parece arte
e não passa da gana que jogas por esporte
RETORNO – Imagem desta edição: Rita Hayworth.