3 de julho de 2012

DESAFORO


Nei Duclós

Há tempos não te faço o mimo do soneto
noto que estás caída por falta desse trato
de bruços aguardas o mergulho dos gravetos
que brota em meu corpo parecendo mato

Estive ocupado semeando jardins de desaforo
urzes encardidas, xicória brava, urtigas de choro
tenho cloro e flúor para as plantas perdulárias
que cobrem o penedo de remoto vocabulário

Por isso evitei o encontro e te deixei sem abrigo
já tens o suficiente em versos que não acabam
preferes saber o que jamais repartirei contigo?

Pois não terás as dores que bem longe cultivo
só o amor na forma de um poema ao poente
bem na hora em que desistias e eu vinha vindo


RETORNO – Imagem desta edição: Rachel Bilson.