13 de agosto de 2010

UMA CARTA DE VILMAR ROSA DUARTE


Poucas vezes, em minha vida profissional, tive uma emoção como esta ao receber a carta de Vilmar Rosa Duarte, aposentado uruguainense que sofreu uma violência da marinha uruguaia e agora recuperou todos os seus pertences (na foto, Vilmar com seu barco Nopati, que ficou retido no Uruguai por mais de um ano). Por especial obséquio de Paulo Acosta, foi-me endereçado por e-mail estas palavras, assinadas pelo próprio Vilmar. Momentos como este retribuem todo o esforço de uma vida dedicada ao jornalismo e à literatura. Convido os amigos do Diário da Fonte a ler o que segue:`

CARTA ABERTA A UM AMIGO

"Nei Duclós,
Nei
Caro amigo, se assim posso chamá-lo...


Estamos encaminhando estas poucas palavras para agradecer-lhe seus comentários na época em que sofri aquele atentado às margens do rio Quarai, e sendo você a primeira pessoa que relatou e pesquisou sobre o fato e sobre a minha pessoa, um motorista profissional aposentado, casado, com filhos e netos.
Como este jornalista também muito profissional e responsável, pois ouvistes ambas as partes e ainda a comissão dos direitos humanos. Saiba que sua matéria impulsionou todos os demais atos que levaram no dia 06 de agosto de 2010 a devolução de minha embarcação.
Restando a certeza, de que quando somos pessoas honestas e idôneas, pois jamais fizemos alguma coisa para prejudicar quem quer que seja, muito pelo contrário, acredito que uma de minhas missões nessa vida, que por competência médica e Deus não foi abreviada, estou mais para servir a quem precisa. É fato de que as coisas convergem para o bem e a solução de impasses burocráticos.
Desde já, saiba que tem um amigo mais em Uruguaiana, e que quando nos seja possível, possamos conversar pessoalmente e mais uma vez agradecer sua bem propositada matéria.

“Pessoas como Você perpetuam a esperança de dias melhores no futuro”

Vilmar Duarte & Flia.
Agosto/2010



BATE O BUMBO: A VITÓRIA DE VILMAR ROSA DUARTE

O jornal uruguaianense Diário da Fronteira de ontem , terça-feira, dia 11 de agosto de 2010, traz matéria sobre o pescador Vilmar Rosa Duarte, que levou dois tiros nas costas da marinha uruguaia quando tentava prestar socorro para um barco que ele achou que precisava de auxílio. Pois não precisava. Eram os guardas do país vizinho, que o perseguiram dando 50 tiros em sua direção e na de um companheiro de pescaria. Fiz duas reportagens sobre o assunto. Uma aqui e outra aqui.

Um ano de meio depois, seu barco, Nopati III, formado pelas iniciais dos seu três filhos, Noruã, Paulo e Tita, seu motor e suas tralhas lhe foram devolvidos, graças à pressão de autoridades brasileiras e de pessoas ligadas aos direitos humanos do Brasil. E graças também à imprensa, que fez grande pressão, a começar pelo Diário da Fronteira, seguido aqui pelo Diário da Fonte, que entrevistou o pescador e sua nora Juliane Ribas Cruz, fonte valiosa para nosso trabalho.

Fiquei muito emocionado com o agradecimento público feito a mim pelo Vilmar nas páginas do Diário da Fronteira. Dá gosto ser jornalista num momento desses. E agradeço ao portaluruguaiana por ter difundido as reportagens da imprensa local sobre esses acontecimentos, mais tarde ampliadas aqui por entrevistas que fiz por telefone.

O brasileiro Vilmar Rosa Duarte pretende voltar ao local onde foi atacado e continuar pescando. É direito dele! São águas do rio Quarai, que também pertencem ao Brasil. Respeito é bom e nós gostamos. Nossas fronteiras precisam ter a presença não apenas da cidadania, mas das Forças Armadas. Não para brigar, pois já brigamos bastante para ter essa divisa. Mas para lembrar de onde vem o acordo que separa países.

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