22 de agosto de 2010

DOMINGO


Nei Duclós

Pára, domingo, o Tempo
Estrela remota em repouso
Relógio, freio de Apolo

Apague a pena de morar
Longe do Sagrado, fora
do templo, sob algozes

Que volte a Inocência
Presa como filho pródigo
entre urzes do remorso

Fica, domingo, vinho
molhando pão, linho
de criança no sacrário

Levante o sol no dia frio
sobre a família, de mão
à Mãe e seus Mistérios

no antigo céu soprando
a leste o arco do futuro
Amor, fruto de uma festa

Pára, domingo, o Tempo
Impeça este clima, ruído
farto no presente bruto

E desça sobre o mundo
A flor da alma intacta
Infância, última palavra

RETORNO - Imagem desta edição: obra de Fulvio Pennachi.

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