Nei Duclós
Tínhamos um livro debaixo do braço
Os Quatro Quartetos de TS Eliot
Numa versão pequena em português do grande poema
Éramos amigos de algumas editoras
José Olympio que nos dava Drummond e outros maiores de bandeja
A Brasiliense, a Nova Fronteira, a Paz e Terra
A Abril com seus Pensadores
A Globo de Porto Alegre, com Proust e todo o cânone
Éramos íntimos de tantos autores
Lorca Maiakovski Érico Verissimo e o mais proximo de todos
Monteiro Lobato, o da Chave do Tamanho
Hoje não somos insetos graças ao Visconde
Que traiu a boneca de pano
E votou como povo para que não fôssemos
Devorados pelo gato gordo da fazenda
Os livros são nossos professores
Amigos do peito, familiares
Aplaudimos no final de um romance
Escrevemos poesia depois de uma antologia
Hoje continuamos a ser os livros que nos criaram
Andamos como folhas sendo lidas
Exibimos capas surradas na cara veterana
Vivemos em capítulos, trágicos como Lord Jim de Conrad
Habitados como o autor do Pequeno Príncipe
Eruditos como historiadores do interior
Contamos histórias fazemos poemas
Somos a humanidade rumo ao desfecho
Quando a última página nos liberta da leitura
E nos leva para Deus, que gosta de ler
E tem uma biblioteca que é um assombro
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