6 de novembro de 2020

AO AR LIVRE

 Nei Duclós


Fiquei triste. Um rictus marca o canto da boca. Aconteceu sem eu perceber. Achava que poderia resistir, que era inesgotável a fonte de esperança e alegria. Evitei o baque me iludindo mas o corpo expõe as cicatrizes.


Bastaria o sol não ficar mais escondido para eu encerrar este ciclo. No escuro fabrico a poesia, único reduto do amor que não se entrega.


Saio ao ar livre e a Lua me enxerga. Vivo abaixo das nuvens que ela manipula em suas fases. Sou um coração na terra nua. Não me aconselhe, já visitei o futuro. Sei o que jamais direi, amiga. Não se impressione, é  só poesia. Essa arte que nos une em pleno apocalipse.



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