Nei Duclós
Escapa-me a vocação
Com tanta força
Que as palavras ficam órfãs
Da poesia
E o que era conforto se confina
No pânico do vazio
De uma escritura
O dom em fuga perde a fibra
E o que foi companhia hoje é rua
Ao relento teço no cortiço
O último som da epifania
Não sabia que tudo vem do anjo
Que sopra do acervo do divino
Achava que era eu o sonho humano
E não o que mora muito acima
Escalo novamente a montanha
Para poder vislumbrar a planície
Chego ao topo e o poema
Bate asas no retorno de uma esfinge
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