Nei Duclós
Perdi a alma no acampamento
Voltamos para a cidade sem conseguir achá-la
Descarregamos a tralha e ela não estava
junto aos grumatãs na rede
Na caixa de anzóis
Na cartucheira
Na barraca verde sebosa
A alma teria se escondido só por rebeldia?
Cansada do meu quarto, cadernos, escrivaninha?
Meu olhar no teto imaginando amores?
Queria ação, queria pesca
Continuar descendo o rio até as pedras
Onde moram os dourados
A alma ficou, livre no mato e no pampa
Por isso sempre volto para visitá-la
Tire o barro dos pés, me diz
Puxe um banco para o chimarrão
Logo começa a escurecer, mazanza
E aí o boitatá vai aparecer
De olhos grandes
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