4 de novembro de 2015

PRESENÇA DA SABEDORIA



Nei Duclós

Foi para fazer justiça ao meu filho Miguel Lobato Duclós (1978-2015), que colocou no ar o seu trabalho acadêmico e difundiu a produção de pensamento de inúmeros colaboradores, que postamos esta série de homenagens depois de sua morte no final de outubro. Foi para introduzir as pessoas a uma obra que, paradoxalmente, ficou oculta apesar de explícita, ignorada oficialmente mesmo com presença virtual forte e organizada. E também para nos sintonizar com todos os seus pares que com ele trilham esse caminho árduo do conhecimento.

Miguel percorreu as universidades brasileiras. Depois de se formar na USP, onde não encontrou espaço para fazer seu mestrado e doutorado, foi aprovado no vestibular para a Unicamp (que não frequentou), a UFPR (onde cursou um ano as Ciências Sociais), a Udesc (onde estava fazendo História e tentando encontrar um lugar para sua pós), a Ufrgs . Miguel era admirado e amado por muitos acadêmicos, e decidiu criar seu próprio caminho numa instituição complicada, a universidade brasileira. Fez isso com o sacrifício de sua vida.

Miguel sabia da importância do seu trabalho, sofria o preconceito contra o universo digital por parte de uma academia ainda presa a ferramentas antigas (isso já mudou, mas ele foi um pioneiro) e procurou se realizar nos estudos. Foi feliz porque conseguiu cumprir sua missão, mas o destino ceifou-lhe a vida moça em pleno voo. Estava cheio de planos e esperanças.

Minha intenção aqui é ajudar a esclarecer a vida e a obra de um filósofo contemporâneo, que lutou o bom combate sofrendo, como todos nós, com o obscurantismo que impregna o país. Insurgiu-se contra as asneiras que sustentam campanhas políticas e argumentava profundamente em sala de aula, servindo como referência e também provocando alguns desconfortos pela solidez de suas análises. Manteve-se íntegro o tempo todo.

Vida eterna aos heróis do conhecimento.
Miguel Lobato Duclós (1978-2015) vive dentro de nós.

RETORNO - A foto é da cadeira que ele usava para trabalhar, com alguns exemplares da biblioteca que leva seu nome e a coruja que o irmão Daniel comprou para ficar na nossa estante e assim podermos lembrar de seu símbolo favorito.

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