4 de novembro de 2015

INTENSO, ESSENCIAL, PROFUNDO



Neste curso avançado de filosofia que é o megasite Consciencia.org, Miguel Lobato Duclós (1978-2015) contribui com seus textos esclarecedores. Fiel ao cânone, ou seja, rigoroso ao estudar e citar o pensamento clássico, não deixa também de ousar nas costuras e propor ideias. Pensador contemporâneo, um filósofo do século 21, Miguel escreve com clareza sobre assuntos pesados. Quem quiser acompanhá-lo, sairá ganhando, pois no lugar de deitar regras ele simplesmente trabalha a trilha do pensamento, armado da leitura atenta e a palavra mais próxima possível do entendimento.

O MITO DE PROMETEU E EPIMETEU SEGUNDO ÉSQUILO, HESÍODO E PLATÃO.

por Miguel Duclós

1. Hesíodo e Ésquilo.

            O mito de Prometeu é descrito na literatura clássica principalmente em Hesíodo. Aparece nas duas obras do poeta, Teogonia e Os trabalhos e os Dias, sendo que na segunda ele  é recontado e complementado. Afora Hesíodo, outra obra importante, a tragédia Prometeu Acorrentado, é dedicada a ele. Porém nesta tragédia o mito não está completo, pois começa no instante em que Hefesto e Cratos castigam o titã, a mando de Zeus pai. Prometeu, em diversas partes da tragédia, se refere aos motivos que o levaram a ser acorrentado. A tragédia fazia parte de uma trilogia sobre Prometeu, mas as outras duas partes se perderam.

        Como explica Junito de Souza Brandão, o nome Prometeu, segundo a etimologia popular, teria vindo da conjunção das palavras gregas pró (antes) e manthánein (saber, ver). Ou seja, Prometeu equivaleria a prudente ou previdente. Embora, como afirma Ésquilo, Prometeu não supusesse o teor do castigo de Zeus ao desafiá-lo, ainda assim lhe é atribuído um caráter oracular, por ter proferido um vaticínio sobre a queda de Zeus, o governador. Alguns outros mitógrafos atribuem a teoria desta previsão a Têmis. A profecia diz que o filho da nereida Tétis e de Zeus destronaria o pai. Por causa disso, Zeus desiste de seduzir a nereida e se apressa a lhe dar um esposo mortal, que acabou sendo Peleu. Este cuidado de Zeus também se verifica quando ele engole a mãe de Atena, Métis (sabedoria, astúcia) – sua primeira esposa -, para que não nascesse dela um segundo filho mais poderoso que o pai. Zeus engole Métis ainda grávida, e Atena, deusa da sabedoria, nasce da cabeça do pai.

          Prometeu, que parece detestar Zeus –  como se observa na tragédia esquiliana pelo desprezo a seu mensageiro Hermes ou quando critica a arrogância de Zeus e diz abominar os demais deuses – era filho do titã  Jápeto e da oceânide Clímene. Apenas em Ésquilo a mãe de Prometeu é Têmis, a deusa da justiça. Tinha como irmãos Atlas, Menécio e Epimeteu, sendo que todos eles foram castigados por Zeus. Jápeto era irmão de Crono (Prometeu era, portanto, primo de Zeus)  e de Oceano, que em Ésquilo sai do seu reino e avança sobre a Terra para tentar dissuadir o sobrinho Prometeu de sua revolta e dizer a ele que intercederia junto a Zeus, uma prova ferrenha de sua amizade.” (Miguel Lobato Duclós, continua no link)


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