Nei Duclós.
Não disponho de sabedoria. Ocupo o
poema com poesia
A praia do poema é para nós, solidão
a dois.
Não entender nada do assunto é uma
vantagem. Obriga a abordagem prudente e bem embasada. Evita o chute e a
charada, frutos da vaidade.
Não desisti do amor. Só não sei onde
deixei.
A curiosidade é uma necessidade da
percepção em dívida com a realidade
Consumidor substituiu o cidadão. Por
isso na hora do voto temos produtos de prateleiras.
Amor, há tempo não dizia. Perdi o
hábito, mas não o que sentia.
Peguei a flor emprestada, peguei
carona em teu beijo, mantive o verso na estrada, molhei-te com teu sereno numa
valsa enluarada.
É cedo demais para ativar o sonho.,
disseram É preciso então que o remorso se manifeste quando for tarde demais?
Não insista no amor, dizem todos.
Estamos ocupados em perder tempo.
A palavra perdeu os sentidos.
Acordou em outra vida, em que não existimos.
O sentimento posto na estante
apodrece de um dia para outro. Leve-o para tomar sol, jardineira errante.
Fico exausto. Tenho fôlego curto e
respiração boca a boca não funciona a distância.
Sinto falta da lua. A que nasce em
ti, musa.
Mistura de superlua e crepúsculo
tardio, o mês capricha em ser diferente. Mas de que serve se continuas em silêncio?
Sobra dia no avanço de setembro. O
sol se espicha querendo atingir a primavera.
O amor não dura para sempre. Dura só
um pouquinho, sempre.
Não te quero mais, lua. Te devolvi
ao mar.
FOI-SE O DIA
Foi-se o dia, pintando o céu
com pincel de nuvem.
De um lado há promessa
de estrelas, do outro de neblina.
É como o coração dividido
entre a solidão e a festa.
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