20 de agosto de 2012

MEDO


Nei Duclós

Tenho medo, portento, deste soneto
parece bobagem de poeta, mas é fato
medo de perder-te ao fim e ao cabo
quando enfim chegar ao último verso

Quero dizer o adeus que não mereces
depois de tanto amor e tanta entrega
sei que é covardia, mas já parti mesmo
escrevo porque cheguei neste deserto

Sequei o poema, minha flor do exagero
não posso recitá-lo sem sentir vergonha
é piegas, mas sofrer não tem mais jeito

Confirmo as rimas, ponho luto no verbo
levo para longe o sarau da Lua Nova
aguardo a Cheia e seu puxão de orelha


RETORNO – Imagem desta edição: Ava Gardner .