10 de junho de 2009

MAQUIAGEM NA REALIDADE CRIMINOSA


É a Lei de Murphy: a economia brasileira sempre cai com o lado do Mantega para baixo. “Estamos em recessão técnica”, disse o ministro Guido, “mas isso é passado”. Quer dizer então que o presente do indicativo (estamos) virou passado perfeito? Ou não ensinam mais conjugação de verbos na escola? Talvez seja isso. O ministro usa o presente no passado e todos os tempos do verbo vão para o exílio, junto com o subjuntivo, que caiu faz tempo.

A verdade é que não conseguem mais mentir com a mesma competência. Estamos em recessão, ponto, segundo dados explícitos do IBGE. Se cai o PIB, a atividade industrial e comercial, então estamos escorregando. Não há pesquisa que segure, nem cobertor de campanha publicitária que cubra os pés frios da realidade. E como estamos indo para o buraco, podemos nos dar o luxo de “emprestar” dez bilhões de dólares para o FMI. A verdade é que esse dinheiro pertence à especulação internacional, que gera as divisas aqui dentro e pega uma parte gorda do butim, maior agora depois da crise. Não é dinheiro do Brasil. Não temos nem moeda.

Em Uruguaiana existia nos anos 50 a expressão manequim de turco, que eram as peruas enfeitadas em excesso. “Bota rouge, rouge, rouge, bota pó, pó, pó”, diziam as debochadas diante do espetáculo das caras pintadas com maquiagem fajuta. É o que temos hoje. Uma realidade maquiada por um sistema político criminoso, que se alterna no poder para dividir o fruto do suor popular. O PSDB agora está cheio de moral. É a vez do leite da república café-com-leite.

Recessão técnica faz parte de:

AS PIORES EXPRESSÕES DA LÍNGUA

JOGAR CONVERSA FORA – Quem usa deveria ter o mesmo destino.

DESOPILAR O FÍGADO – Para desmoralizar a arte da comédia. É quando o dom de provocar o riso, dificuldade suprema, é visto como jogar conversa fora.

ACABA EM PIZZA – Denota esperteza, lucidez e originalidade de quem a emite.

NÃO ME FALA AO PAU – Em desuso, caiu junto com o machismo. Quer dizer: a sensibilidade existe, mas não nesse caso.

A QUATRO PATAS – Parceria entre escribas, que denunciava a verdadeira natureza do que se produzia com ela.

FORA DE SÉRIE – Lugar comum. Usado quando o Mesmo se impõe como novidade.

PASSA LÁ EM CASA – Senha para te manda, me esquece. Senão te passo fogo.

E QUANDO É QUE CHEGASTE? – Traduzindo: quando é mesmo que vais embora?

PRATICAMENTE DA FAMÍLIA – Usada para escravas convocadas para o papel de laranja em falcatruas com o dinheiro público.

DO MEU PRÓPRIO BOLSO – Para as vítimas de cambaus e desfalques. O autor do crime admite uma impossibilidade, se separar de qualquer dinheiro.

GOSTAMOS DO TEU TRABALHO, MAS... - Para as demissões sumárias.

VOU ENFRENTAR NOVOS DESAFIOS - Exclusivo para recém desempregados.

VAMOS DAR UM TEMPO – É o nunca mais dos namoros.

JÁ FALO CONTIGO - Significa: não me atrapalhe, estou ocupado.

ESTÁ EM REUNIÃO – Reúne as piores intenções de quem quer evitar os outros.


MARCAS NOTÓRIAS INVENTADAS EM TEMPOS DE RECESSÃO TÉCNICA

VAI MUITO DA PESSOA BAR – Lugar cult para conversar sobre coisas que falam ao pau.

CAFÉ SÓ AROMA – Já vem tomado. Para quem gosta de dar o seu melhor.

ARROGÂNCIA MODAS – Um substituto para a Daslu, mas com nota fiscal quente.

RETORNO - Tirei a imagem desta edição daqui.

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