28 de junho de 2009

GIGANTE MASTIGA O ÁLIBI DA FALSA ZEBRA


Nei Duclós

O primeiro tempo da decisão da Copa das Confederações, em Joannesburgo, foi o melhor dos mundos para quem precisava mostrar coerência de análise contra o capitão Dunga. Perdendo de dois a zero para a Legião Estrangeira dos soccers, o técnico da seleção agora campeã poderia novamente ser execrado, como aconteceu antes da atual campanha vitoriosa. Até a final, não davam (como não darão jamais) o braço a torcer. Dunga era uma “surpresa”, jamais um técnico competente que conseguiu arrumar o time. Suas vitórias eram “extraordinárias”, jamais obedeciam à lógica de sua estratégia bem sucedida. Bastava uma derrota na final, e pronto, estava tudo certo. Mas a virada de 3 a 2 serviu como lição.

É preciso dizer que a chamada zebra, os Estados Unidos, era falsa, pois tinha demonstrado sua fraqueza ao perder para nós por 3 a zero e já sabíamos com antecedência que a seleção americana obedece à realidade do “grande irmão “ do norte, um país que tenta desmoralizar o futebol batizando-o com um nome viado e colocando o esporte exclusivamente nos pés das suas mulheres (nossa seleção feminina ainda vai dar um toco nelas). Os caras que se dedicam ao jogo são quase todos estrangeiros ou quase, adventícios, já que a legitimidade e a macheza, nos Estados Unidos, são para aqueles jogos em que eles seguram o pau na mão, ou o outro em que colocam calça liga para destacar a bundinha dura e ficam se agarrando e se cagando de pau o tempo todo, enquanto a pobre da bola oval foge desesperada.

Quer dizer, os EUA não eram parada para o gigante pentacampeão do mundo, que tem um craque por metro quadrado, fruto da intensidade da sua cultura esportiva voltada para o futebol, o jogo aprendido na várzea, com as sobras dos embates ingleses. Ronaldinho Gaúcho nem foi convocado. Tivemos uma seleção de estreantes, praticamente, pelo menos para mim, que não conheço ninguém. Daniel Alves, Ramires, Felipe Melo, Luisão? Conhecia Lúcio, o líder do glorioso escrete canarinho nesta campanha, mais Robinho, Kaká, Luis Fabiano, entre outros. Ou seja, Dunga montou seu time como quis e se deu bem.

Perder para os gringos seria o álibi perfeito para a crítica instrumentalizada contra a seleção de Dunga. Mas bastou colocar a cabeça no lugar durante o intervalo para fazermos o primeiro gol aos 45 segundos do segundo tempo. Depois que o bandeirinha roubou um gol feito da bola que entrou toda e foi retirada do fundo pelo goleiro espertalhão, fizemos o segundo, até que Lúcio, de cabeça, selou o destino da partida. O choro de Lúcio é o nosso choro. Vencemos, caralho, contra todas as falsas evidências.

E vencemos porque temos tradição e um acervo para mil selecionados de futebol. Só o banco poderia dar uma lavada nos caras, que fizeram seus dois gols de escapada, como dizíamos em Uruguaiana, a covardia do contra-ataque fulminante. Quero ver cavocar o ninho da coruja, driblar uma legião de centuriões, quebrar a varinha de condão das profecias negativas e penetrar no gol com bola e tudo. Quero ver fazer como Kaká, que carregou a bola e o adversário para o fundo e cruzou, para que Luis Fabiano completasse.

É uma questão de superioridade manifesta. Não existe essa de que todos os times hoje são iguais. O que é igual são as dificuldades. Todos precisam enfrentar o mesmo tipo de problema. Mas cada um joga o que sabe com o que tem. O Brasil - é preciso dizer? - sabe demais e tem um acervo infinito.

Somos campeões da Copa das Confederações de 2009, líderes das eliminatórias, tudo obra de Dunga, apoiado nos tesouros nacionais (o próprio povo organizado em inúmeros times e bandeiras), o técnico chamado aos berros de burro e tratado aos pontapés pela crítica dita especializada. São vitórias também do Diário da Fonte que pode, como fazem os comentaristas esportivos, alardear que essa bola – o acerto na escolha de Dunga - nós tínhamos cantado antes. E se por acaso a seleção tropeçar, como já aconteceu muitas vezes, não caiam matando em cima do técnico nem expressem com tanta veemência esse espírito de vira-latas. Digam: acontece. Somos parte do gigante, a pátria amada.

RETORNO - Imagem desta edição: Lúcio, capitão do time e autor do gol do título.

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