5 de novembro de 2006

VIAGEM AO PORTO DA CULTURA





Pela intensidade do encontro, pela receptividade da imprensa, pelos diversos vetores pessoais e literários que nele desaguaram, pela comunhão poética com meus pares, pela atenção dedicada pelas novas gerações, pelas perspectivas que abre e pela semente que enfim germina na cidade da cultura, o lançamento de O Refúgio do Príncipe - Histórias Sopradas pelo Vento (Cartaz, 150 pgs., R$ 25,00) na Feira do Livro de Porto Alegre nesta sexta-feira, dia 3 de novembro de 2006, fica registrado como o mais belo e importante momento desta fase da minha vida. Foi muita coisa para apenas dois dias de viagem. Por isso vou abordar os inúmeros temas aos poucos, como quem sorve um chimarrão de erva especial e compartilha de uma roda infinita de celebrações.

CELSO - Vamos começar pela presença de Marco Celso Viola, que pela primeira vez autografou na praça e lançou seu belo livro Viver a Paixão de Cada Passo. Celso foi o responsável pela minha presença no evento, pois batalhou a inscrição e estava lá com sua sócia Aline, ambos da editora Alegoria, que está lançando ao mesmo tempo seis livros, os quais vou comentar nos próximos dias. Celso e eu no mesmo momento, autografando nossos livros, diz tudo sobre a importância daquela hora. Pois foi na mesma praça que começamos a divulgar no final dos anos 60 nossos poemas, desenhados em cartolina. Hoje, longevos, estamos juntos de novo, nessa longa trajetória de poesia. Celso comentou muito as dificuldades da distribuição dos livros, e quer, como sempre, agitar nessa área. Ele está preparando mais um lance do seu eterno movimento a favor da poesia que fazemos, contra todas as modas e modismos, que resgate a grandeza da palavra dita em voz alta, abordando o que muitos querem calar.

IMPRENSA - Mais um importante passo foi a imprensa.Pela primeira vez neste século, depois de ter lançado dois livros, um em 2001 (No mar veremos, poemas) e outro em 2004 (Universo baldio, romance) a imprensa acolheu com generosidade a presença do poeta e seu novo livro de conto e crônicas. A começar pela Zero Hora, que deu destaque na programação, reproduzindo a capa e um trecho da crônica Leitura de elevador. O autor da façanha, editor de livros Carlos André Ribeiro, compareceu pessoalmente à praça para levar seu apoio e solidariedade. Depois, a nota, com foto de Juliana Duclós (a mesma que ilustra este blog) no Correio do Povo, que convocou várias pessoas que souberam do acontecimento por meio deste que é o jornal tradicional do Rio Grande e que tem grande penetração no estado. Na hora dos autógrafos (num bom e organizado espaço da Feira) fui entrevistado pelo Jornal do Commercio, TVCom e Rádio Universidade. Depois da sessão, fui longamente entrevistado pelos editores do jornal alternativo Vivavaia, talentos da nova geração cheio de perguntas e caminhos.

Encantador foi escutar da meninada da rádio, jornal e televisão, dizerem que eles me consideram uma presença ilustre na Feira, o que me deu certeza de que a longa luta para ser incluído nas repercussões do evento enfim deu frutos e hoje posso dizer que minha literatura é reconhecida amplamente pela imprensa gaúcha.

PARENTES - Para que isso acontecesse, contei com o apoio fundamental de Ida Duclós, que fez poderosa mala direta que disseminou local e hora do evento (reforçando assim os contatos iniciais feitos, por ocasião do lançamento aqui em Floripa, pela jornalista da Editora Empreendedor, Sara Caprario). Ida e eu fomos recebidos como reis pelo casal maravilhoso que é Clovis Heberle e minha cunhada Lais Lobato Heberle, que tudo fizeram para nos proporcionar uma estadia inesquecível. Muitas surpresas aconteceram no momento de autografar. Os parentes que um dia me levaram para conhecer o mar, há quase cinqüenta anos, uma descoberta que desencadeou a literatura em mim aos nove anos de idade, estavam lá para o abraço e o reencontro emocionado. Minha prima Leda Beherenhauser de Aguiar, mãe de Vitor Hugo e sogra de Meiga de Aguiar, e a família Ferraz, liderada por minha prima Ida (que eu não via há décadas), estavam lá, tirando fotos junto ao escritor da família, felizes por me verem bem, festejando mais um livro. Tive o privilégio de escutar, ao pé do ouvido, a canção que é inédita há 36 anos, letra minha e música de Vitor Hugo, que me cantou a música emocionado. Temos muitas outras na gaveta e um dia essas canções guardadas no cofre virão à tona. Vitor Hugo ainda me deixou autografado xerox do seu primeiro livro, sobre o jogo do truco, acompanhado de música do uruguaianense Pirisca Grecco. Tive também o privilégio de reencontrar minha irmã Consuelo e sua linda filha Lúcia, que conheci naquele momento.

EUCALIPTO - Mas houve mais. Geraldo Hasse, silencioso e sorridente, ficou um tempo rodeando a mesa de autógrafos, falando para dentro, ele que é um dos grandes jornalistas da nossa geração. Só depois de algum tempo me caiu a ficha que eu já tinha visto aquele rosto amigo e então fui agraciado por ele com seu livro sobre a história do eucalipto, um dos muitos trabalhos de sua lavra e que também vou comentar aqui. De repente, Guaraci Fraga, o mestre do humor, tão sumido nos últimos tempos, foi lá para matarmos a saudade. E mais: amigos e amigas sumidos, retornaram com emoção para me ver na praça. Reencontrei Ivan Pinheiro Machado, editor da pesada da L&PM, que lançou meu livro No Meio da Rua, falou sobre sua obra artística que está na capa. Cumprimentei-o pelo sucesso da sua coleção de livros de bolso, pois uma multidão se aglomerava em frente ao seu estande, com os livros vendendo mais do que pãozinho quente. Para coroar, teve a visita de Walter Galvani, que já tinha vindo pessoalmente pegar meu autógrafo na feira do livro aqui de Florianópolis. Orgulhoso de seus pupilos no jornalismo, entre os quais me incluo, Galvani ainda meu deu um excelente mote: escrever sobre meu estranho batizado.

PADRINHO - Esse é um assunto para crônica futura, que escreverei em breve. É que foi nesse mesmo momento de tantos acontecimentos que reencontrei aquele senhor, convocado pelo seu amigo o escritor Tailor Diniz (que lançou no dia 28/10 na Feira seu Transversais do Tempo, pela Bertrand Brasil, e que também compareceu aos autógrafos, para minha alegria). O senhor em questão me disse: tu tens um padrinho, sabes quem é? Não sei, respondi. Pois sou eu, Adalberto Pelegrini. E ele mostrou uma foto do seu compadre, Elo Ortiz Duclós, meu pai, vestido a caráter, caçando perdiz. Mas isso é assunto para outro dia. É muita coisa para um só poeta. Mais uma prova: recebi em mãos o novo livro do poeta Ricardo Silvestrin, O Menos Vendido, pela Nankin Editorial, um belo lançamento que será tema de uma edição deste Diário da Fonte. E não ia esquecendo: o abraço e a conversa maravilhosa com Cláudio Levitan, meu querido amigo e co-autor de Outubro, já que fez as ilustrações, a orelha e batalhou a publicação. Levitan está lançando livro na feira, Pimenta do Reino em Pó, com ilustrações da filha Carina Levitan. Dele recebi autógrafo. Também comentarei. Digo de novo: conversa para mais de metro. Mais um pouquinho? Leitores antigos que eu não conhecia, como Lavínia, que veio acompanhada por Claudio D' Almeida, escritor e andarilho, com quem compartilheio mesa de debates na Feira de 2005, e mais outros. Ufa! Que porre de felicidade, como disse para mim o Marco Celso quando nos reencontramos em 2004.

RETORNO - Imagem de hoje: Tomo emprestado esta bela foto de Leonid Strelaiev sobre o rio Guaíba com Porto Alegre, a cidade da cultura, ao fundo.

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