5 de setembro de 2020

NO AEROPORTO

 Nei Duclós 


Quando nos reencontramos

Não sabia o que fazer com as mãos 

Se continuavam ocupadas com as malas

Se eu devia te pegar de alguma forma

Tocando teu braço ou rosto

Ou se deveria procurar a passagem do avião 

Que nos levaria para o mesmo destino

Apesar da falta  de combinação 


Foi só coincidência

E quando enfim o abraço nos grudou

No aeroporto pasmo diante dos amantes rompidos

De repente redescobrimos o amor

Cão farejador que se recusa a ocupar o bagageiro

E senta conosco a lamber-nos a cara machucada pela solidão 


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