Nei Duclós
Matilde cruza o deserto do México
Com toda sua equipe teatral, que dirigia com mão de ferro
E dois Josés
O marido dramaturgo e diretor
e meu avô ainda no berço
Precisava chegar a Vera Cruz e lá pegar um navio rumo ao Peru
Sentia-se expulsa do pais
Devido a uma desavença com o governo
Naqueles tempos obscuros
Migrar para longe era sua única saída
Já que não podia voltar a Cuba onde perdera o pai Gregorio, ator, de uma doença tropical
Ou à Espanha onde maus empresários a aguardavam
Mas foi assaltada e sequestrada por bandoleiros
Que levaram tudo
E resgatada a peso de ouro
Conseguiu chegar ao navio que no trajeto enfrentou um motim da marujada contra o capitão
Grande atriz, convenceu os rebeldes a baixar as armas
E foi assim que ela inaugurou no Peru sua saga nos países da América do Sul
Matilde é minha bisavó
Heroína de toda uma vida dedicada aos palcos
Foi rainha, mãe, esposa, empresária
Mulher de veludo e aço
Coração que abraça a coragem
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