Nei Duclós
O poema é o biombo onde me escondo
Feito de vidro
Comigo à mostra
Como display em loja antiga
Canetas tinteiro, discos de vinil, fogareiros
Já falaram para eu fechar
esse comércio inútil
E me dedicar a uma padaria
Ser motorista de van
a transportar cachorros
Mas só saio daqui quando for chamado
pelo Tempo, o deus Cronos
Que vai colocar em meu lugar
Um shopping center
A não ser que uma hecatombe, uma pandemia
mude tudo
Sem ninguém se dar conta
Aí haverá choro e ranger de dentes
Minha contribuição para cair de banda
É a poesia
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