Nei Duclós
Vejo resenhas sobre a segunda temporada da série The Crown (Netflix) e
se limitam a comentar a crise conjugal da rainha Elizabeth com o príncipe
Phillip. O foco não é esse, mas, em primeiro lugar, a importância da rainha nas
decisões do governo, sua postura firme diante da adversidade. Segundo, as
revelações sobre as raízes nazistas da família real, especialmente o principe
Phillip, que destruiu seu filho Charles obrigando-o a frequentar horrendo
internato na Escócia, onde tinha sofrido quando criança e vingou-se na
descendência endurecendo o coração do jovem herdeiro.
Há ainda a denúncia das traições do ex-rei Edward, tio de
Elizabeth, que abdicou do trono para casar com divorciada americana e que
queria voltar ao poder aliando-se com Hitler. E finalmente o escândalo Profumo,
de prostituição, dissolução e espionagem de um ministro do governo com
envolvimento do príncipe, rei da balada e do mau comportamento.
De tudo fica incólume o perfil da rainha que com a série, em
vez de se diminuir com os escândalos só se fortalece, para o bem e permanência
da instituição monárquica. Ingleses e americanos tem essa manha. Tudo eles
resgatam para aprimorar a imagem de seus ídolos e eventos. Fizeram isso com o
massacre do The Alamo, com todos os presidentes, os reis etc. Nós cuspimos na
nossa História, eles fazem um trabalho de transparência, não omitem nada mas
acabam fortalecendo a image dos seus protagonistas, o que costura o sentimento
de pertença nacional. Saímos do ufanismo para o desprezo, em vez de seguir o
bom exemplo, de contar a verdade, mas manter consolidado o perfil da nação. .
Correndo por fora, há todo o drama da princesa Margareth,
impedida de casar com o assessor do pai e que se casa com um fotógrafo
dissoluto e homossexual, dominado pelo desprezo da mãe e pertencente também á
nobreza, mas numa área periférica. Margareth são os novos tempos que adentram
no Palácio, assim como a senhora Kennedy, que debocha do mausoleu, o palácio de
Buckingham. Mas que acaba, na série, se arrependendo e pedindo perdão á rainha.
No sol a pino, como dizia Noel Coward, só existem cachorros loucos e ingleses.
Falando em sol a pino, há o detalhe do foxtrot dançado por
Elizabet com Nkrumah , lider de Ghana. A rainha fez o lance diplomático ousado
para consolidar um contrato com a nação africana e mostrar a Jackie que a dona da coroa tinha função de estadista. Deu certo.
Tudo dá certo para a rainha sem pecados, que ninguém dava nada e que acabou
ficando para todo sempre no trono da Inglaterra.
Nei Duclós
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