Nei Duclós
Tudo no Outro é mais intenso
ele vive de fato e mais depressa
sabe o que pega sem largar o osso
faz o que deve e não se entrega
Não é como eu, notório esbulho
criatura sem matéria ou moldura
espírito renitente, corpo à toa
gandula do jogo, desperdício
Deveria aprender como funciona
esse ser estar em si sonante
e não botar no lixo tanto esforço
de ser o que não sou, grande pessoa
Pois fique nessa aura tão atuante
selfie com os deuses, bem campante
Eu prefiro perder tempo, sem remorso
e ficar no anonimato, grão de areia
Onde pisas descalça, sonho e sereia
e olhas para mim sem fazer alarde
tens a permissão de ver-me inteiro
diamante bruto a brilhar na tarde
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