18 de julho de 2017

CORES E COREOGRAFIA EM MAGNIFICENT SEVEN






Nei Duclós

Vestidos de branco (a paz), os mexicanos de uma aldeia são atacados pelos bandoleiros chefiados por Calvero (Eli Wallach), que se veste de vermelho (a guerra). Os camponeses então contratam seu oposto, um pistoleiro (Yull Brinner), de roupa toda preta (o confronto que leva à vitória). Este, precisa de apoio e encontra profissionais que vestem a cor da amizade, o azul (James Coburn, Steve McQueen, Charles Bronson, Horst Buchholz).

Todo o filme The Magnificent Seven (Sete Homens e um Destino), de 1960, dirigido por John Sturges, e que é baseado em Os sete samurais, de Akira Kurosawa, é uma sequência de coreografias da ação e das cores, numa dança perfeita que representa o duelo entre o compromisso e a aventura, entre a terra (os aldeões) e o vento (os pistoleiros), entre o destino (a guerra)e o sonho (a paz que vem depois da luta). O preço a pagar é alto, mas de tudo fica um pouco, como o novo casal que se forma na refrega, a amizade que se consolida depois da missão cumprida, a tranquilidade devolvida à aldeia.



Vi mil vees esse filme e o considerava um faroeste médio, mas mudei de ideia. Faz parte do cânone cinematográfico principalmente pela rigorosa composição de personagens identificados por cores e gestos. A música, a cargo de Elmer Bernstein, é um clássico, impulsiona epicamente a narrativa, nos carrega para o miolo do drama. Yul Brynner é um dançarino. Seu andar estudado é a preparação de um salto maior em cena, pautado pela contenção, a frieza e a precisão. McQueen e Coburn são atores cool, que valorizam cada frase dita num rosto de pedra e um meio sorriso. Horst Buchholz é o arroubo juvenil e perigoso do destrambelhado que quer ação a qualquer custo e acaba se fixando à terra por meio de uma descoberta, o amor por uma camponesa.

Eli Wallach, a encarnação maior da impiedade no cinema, detona com sua hilária e assustadora performance do bandido que explora os mexicanos. ´Seu confronto com Brynner dá grande intensidade dramática ao filme, que em muitos momentos aposta nos aspectos cômicos, como a tourada do jovem pistoleiro diante de chifres de um animal manso. Faz parte da coreografia, essa alternância entre o drama e o humor neste filme que é uma referência no faroeste.




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